Terehell

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Mostrando a Porta da Rua


Ontem o governo do estado deu mais um passo para o engessamento permanente da nossa cultura. Agora tudo que for pra ser pautado no Teatro ou no Clube dos Diários terá de se adequar a editais, igual a compra de material em repartição pública. Quem oferecer mais por um custo menor, ou mesmo zero, leva a data. Assim a administração cultural estadual, se escondendo atrás da qualidade das apresentações, começa bem a sua segunda rodada no trono, despopularizando os espaços, afastando artistas e, consequentemente, público, e tornando seus palcos lugares cada vez mais remotos e vazios.

Enquanto isso na sala da justiça, a cultura municipal, com uma verba infinitamente menor, acaba de extender o projeto de formação de artistas e público do Teatro-Escola João Paulo II (ou Teatro do Dirceu, se preferirem) ao Teatro do Boi, no bairro Matadouro, oferecendo oficinas permanentes de teatro, dança e expressão corporal, além de uma agenda variada de espetáculos a preços populares, de segunda à sexta. Sem falar na lei de incentivo cultural deles, que realmente funciona.

Dá pra fazer cultura misturada com política? Foram essas mesmas pessoas que no início do governo do PT convocaram artistas e produtores culturais pra discutir uma "agenda participativa", e agora vem com essa de por pautas em pregão?

Bonecos com cara cada vez mais de madeira e muito tambor pra abafar a voz do povo. Para o mundo que eu quero descer!

domingo, fevereiro 25, 2007

Aos Fagundes

Eu admiro várias vertentes da arte. Se você me convidar pra ir numa peça, beleza, eu irei com prazer. Já aconteceu de me levarem num espetáculo de mimica e eu achei o máximo. Mas tem uma arte cuja a estética e sobretudo a prática não me desce: a arte da bajulação. O puxa-saco, o chalaça, o cupincha, o baba-ovo, o papagaio-de-pirata, o “Fagundes” é o indivíduo que é sub-serviente puramente por não ter talento para desempenhar nada, aí se empenha num cortejar sem fim pra perpetuar sua estadia a sombra das regalias alheias e, perto de quem realmente pode, exercer uma influência parda, que vai e volta lhe rende alguma vantagem. A bajulação, infelizmente, não é uma arte restrita a política ou as instituições; a cultura é cheia de capachos, de gente se esforçando pra ser elogiosa demais, de dizer que fez isso ou aquilo pelo artista, pelo puro golpe de menor-esforço de ser banhado, mesmo que de relance, pela luz do mesmo holofote. Não entendo esse mundo de amizades por interesse, de tapinhas nas costas, de sorrisos fáceis, de favores na manga e elogios em profusão. Não entendo, nem quero entender. Simplesmente passo.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Dobradinha

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Rapidex


Só pra comentar duas coisinhas que vivem me cobrando:

1) A suposta espinafrada que a colunista da Folha de São Paulo Bárbara Gancia teria dado no Instituto Dom Barreto, primeiro colocado no ranking nacional do ENEM. Recebi alguns e-mails que foram encaminhados à distinta, e também tive o cuidado de ler o suposto achincalhe. Como ex-aluno do IDB não achei que a "nona" Gancia tenha descido a lenha no colégio, desceu sim no ENEM e seus métodos de amostragem. Agora eu acho que mandar e-mail movido pela emoção é auto-estima fora de hora, só vai dar mais pilha pra mais comentários jocosos, como é do estilo de La Gancia, caso alguém tenha tido o cuidado de ler algo dela anterior a referida data. Uma bárbara não tira o brilho de um trabalho que formou, e forma, centenas de cidadãos. Bárbara Gancia, do alto de seu bairrismo "Brás, Bexiga e Barra Funda", grita sozinha contra uma parede de concreto, e não vale a pena parar pra dar atenção.

2) Na minha humilde opinião, festival que dá dinheiro, liquidificador, notinha de 0 a 10, vaga ou que o valha, é demodé. Caiu no desuso no início dos anos 70, e qualquer tentativa de ressucita-lo é simplesmente patética. Muito me causa pena a maneira como as bandas são usadas, nem sequer avisadas, num certame desses. É preciso perder a ingenuidade, tem dinheiro em jogo por trás disso tudo. Ou todo mundo começa a correr atrás do dito-cujo, ou dois ou três vão continuar comendo do bolo sozinhos debaixo das barbas de todo mundo. Já ficou chato eu dizer isso: "Brodagem" é câncer, vamos parar de esconde-esconde atrás de amizade, de auto-estima, de discurso pseudo-ufanista pra mascarar interesses pessoais e/ou comerciais. Não desqualifico, de modo algum, as pessoas (em quase toda sua totalidade) que se comprometeram a serem jurados nessa pataquada, mas cheira mal, muito mal...

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Do Tempo do Trote


- Oi, é da Casa do Pão de Queijo?
- É sim.
- Ele está?

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

O Bloco do Sampaio

Em homenagem aos blocos de sujos, que saem hoje e são bem mais divertidos que as pomposas (muitas vezes nem tanto) escolas de samba...

domingo, fevereiro 18, 2007

Marchinha-Punk Paulistana

















Depois ainda dizem que SP é o túmulo do samba...
Uma "joelhada" no seu carnaval.




Mandrake, Mandrake
Transa com a Narda
e põe bandido atrás das grades

Mandrake, Mandrake
Transa com a Narda
e põe bandido atrás das grades




Mas o povo começa a desconfiar
que o Mandrake come a Narda
mas vive com o Lothar

Esse triângulo amoroso
anda feliz há muitos anos
Com o mágico
A princesa
e o africano




(Tico Terpins/Billy Bond/Graciela Correa)

sábado, fevereiro 17, 2007

Merthiolate


Já repararam como marchinhas de carnaval são antagônicas?
Se é carnaval, por que então o Pierrot está chorando pelo amor da Colombina no meio da multidão? Por que cortar a cabeleira do Zezé? Se ele é bossa nova ou é Maomé, problema dele, não? O mesmo vale pra Maria Sapatão, pra Nêga do Cabelo Duro e pros pobres touros das touradas de Madrid.
Pra que tanto sadismo, se deveria ser só alegria?
Essas e outras sempre me fizeram não querer entender o carnaval...

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Fortune Cookie Big Hits Vol.18

"Nem o novo sabe o que pode, nem o velho pode o que sabe"

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Anjos Caídos


O amiguinho melancônico pediu o "Asas do Desejo"(1987) por aqui. Já tive minha fase Win Wenders, um bom tempo atrás. Meu preferido continua sendo "O Amigo Americano"(1977), um filme "cabeça" mas com ação na dose certa, um roteiro excepcional, recomendo horrores. "Asas" virou meio ícone dos anos 80, porque o negócio era ser "off-hollywood" e também porque a fotografia em p/b e a estória do anjo vouyer caiam bem pra galera "dark", penso eu. O filme teve uma continuação, em 93, "Tão Longe, Tão Perto", com Wenders mostrando Berlim, a cidade que serve de cenário de fundo, depois da queda do muro. É longo, colorido e chato, só rendeu de bom mesmo a música tema com o U2 (com quem dividiria a produção de "O Hotel De Um Milhão De Dólares", de 2000). Diria , sem sombra de exagero, que essa continuação está para a obra de Wenders assim como "O Império do Besteirol Contra-Ataca" está para a de Kevin Smith. Mas desastre mesmo foi " Cidade dos Anjos" (1998), o remake americano com Nicholas Cage...Além de trucidar o roteiro, o filme enche lingüiça com efeitos especiais e muita água-com-açucar. Fica outra dica: O livro "Olhos Não Se Compram" lançado por aqui pela Companhia das Letras, trazendo um bom apanhado das obras, técnicas e manhas de Wenders até "Paris, Texas"(1985), filme que o bombou no mercado americano.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

E Depois E Depois



Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal

sábado, fevereiro 10, 2007

Hamurabi


Num lugar onde não se respeita mais lei dos homens nem de Deus, criança agora é arrastada presa pelo cinto de segurança por três assaltantes (dois maiores de idade e um menor). Confesso que me assusta muito a idéia de pena de morte. Se não há como controlar o cumprimento das leis de uma constituição, imagine a ira de carrascos legalizados. Mas o pior é que ela já existe. Quando os “de maior” chegarem no presídio muito provavelmente serão mortos, pois lá dentro a lei do “olho por olho” sempre existiu, uma “ética” bastante paradoxal dos presos, em nome da segurança dos parentes que estão do lado de fora. O menor, acobertado pela idade, também está à mercê dos matadores, das milícias e da vingança da própria população. Assim é a lei do cão no país onde se queima índio na parada de ônibus, onde se mata os próprios pais por herança e onde deputados e senadores votam super-aumento do próprio salário.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Aumenta o Mambo!

E em homenagem aos anos 80, uma de suas maiores personagens: Heleninha Roitman, a padroeira dos bebuns abusados!

Aumenta o mambo aê, pô!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Anos 80: Eu Sobrevivi!

Timothy Leary dizia que "se você lembra dos anos 60, é porque não esteve lá”. Bom, eu estive nos anos 80, e ainda lembro de muita coisa. Acho bizarro essa adoração que as pessoas têm hoje pelos 80's, isso de festa temática, de ressuscitar personagens de programas infantis e bandas-de-um-hit-só daquela década. É meio necrófilo. Os anos 80 foram a década do visual, dos yuppies, da valorização da imagem sobre o conteúdo, da ascensão do vídeo-cassete, do enigma do cubo mágico, e, o pior, o começo dos quinze minutos de fama profetizados por Warhol, que chega ao apogeu hoje em dia com essa overdose de informação diária via internet. Talvez a lembrança mais antiga que eu tenha seja a do Brasil perdendo a copa de 82, uma tarde realmente triste. Minha rua tinha um mascote gigante da copa pintado no asfalto. Lembro ainda da morte do Tancredo, em 85, na verdade do dia seguinte, uma segunda chuvosa, na qual eu tinha uma aula de educação artística que me consumiu o final de semana inteiro na confecção de um trabalho. Consumiu tanto que apaguei de cansaço antes das 22 horas do domingo e não soube da morte do presidente. Molhei meu trabalho inteiro, desesperado pra chegar na aula no meio da chuva, sem saber que já era luto nacional. Nos anos 80 eu também virei adolescente, passei a frequentar festinhas, com todo mundo vestido de calça OP, meninas de tênis Fiorucci com laços de fita no lugar dos cadarços, camisetas de surf com as cores mais berrantes possíveis e todas aquelas bandas de rock nacional (com discos censurados que só podiam ser comprados mediante a presença dos pais) que tocavam nas FMs tão exaustivamente quanto tocam hoje forrozeiros, breganejos e pagodeiros.O primeiro beijo, o primeiro porre, o primeiro pé-na-bunda, tudo ficou lá, em algum lugar dos anos 80. A inocência ficou junto também, quando eu saí de um colégio cheio de bundões metidos à riquinhos e fui estudar numa escola com adolescentes mães solteiras, pais de família que voltavam a estudar, caras que não esquentavam lugar em colégio nenhum. Enfim, tudo tem sua hora e sua serventia. Aqueles tempos viraram memória afetiva. Ouvindo uma música ou lembrando de alguma coisa você se sente imediatamente transportado praqueles tempos, o que é bastante estranho. Segredos da alma humana. Por um momento você tem um flashback, se sente puxado no tempo de volta pros anos em que você não sabia sequer como a vida funcionava direito. Deve ser isso que as pessoas procuram indo nas Ploc 80's da vida. Eu vivo o hoje, e sem olhar pra trás, aguardo pelo amanhã.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Groucho-Marxismo

"Seja lá o que for, sou contra."

"A filosofia é o estudo que nos ensina a ser infelizes de maneira mais inteligente."

"A esperança é a ultima quem morre. Os esperançosos morrem primeiro."

"Não faria parte de um clube que me aceitasse como sócio."

“O que eu quero de aniversário? O ano passado de volta.”

"Eu pretendo viver para sempre, ou morrer tentando."

"Alô...? Serviço de quarto? Manda subir um quarto maior."

"Estes são os meus princípios. Se você não gosta deles, eu tenho outros."

"Eu nunca esqueço um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma exceção."

"Por que eu deveria me importar com a posteridade? O que a posteridade já fez por mim?"

"Se eu abraçar mais forte, vou sair do outro lado de você."

"Idade não é um assunto interessante. Qualquer um pode ficar velho. Tudo que você precisa fazer é viver o bastante."

"Existe tanta coisa mais importante que o dinheiro, mas custam tão caro!"

"O casamento é a principal causa do divórcio."

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O Ramo

Passei pelo apartamento pra pegar algumas coisas. Na verdade não muito. Não há muito que um sujeito no meu ramo de atividade possa andar carregando por aí, fora a ferramenta de trabalho, lógico. A vizinhança é boa, dou bom dia a todos, faço tipo de bom moço. Até ajudei a senhora do 308 a subir com as compras uma vez. Faz parte. Apesar da pressa, giro a chave com calma pra não levantar a suspeita de quem possivelmente esteja saindo, mesmo nesse horário. Gostei desse apartamento, logo de cara. Um quarto e sala, central, com banca de jornais em frente, bastante discreto. A única coisa que não gostei foi o fato da porta do banheiro bater junto com a da frente. Eu mesmo disse que daria um jeito nisso num tempo ocioso, mas agora isso não vai ter mais importância. Jogo tudo que preciso na mala, algumas revistas e livros vão ficar de presente para o próximo inquilino. Cara de sorte. Ainda dá tempo pra um banho, tirar o cheiro do último serviço, entrar no ônibus pra fronteira do Mato Grosso com uma boa aparência, sem dar bandeira. Deixo o rádio ligado numa AM: Os americanos mexeram nas taxas de juros, o crescimento do país estancou, uma represa estourou em Minas e inundou meia-dúzia de cidades, um avião caiu entre a China e a Mongólia e um executivo de uma empresa de segurança foi encontrado morto com um tiro no meio da cara dentro do próprio carro, a polícia ainda não tem pistas do autor ou do mandante. Ótimo. Meu ramo continua o mais ágil, seguido pelos jornalistas. A polícia, ainda bem, continua lá no final da fila. Ninguém no corredor quando saio com a mala. Ninguém na portaria. Nessa hora da manhã, tudo vazio pelas ruas, fora os botequins com um ou dois bêbados discutindo sobre música ou futebol. Decido pegar um táxi só no bairro vizinho, isso me permite jogar fora a ferramenta ao passar pela praia. Me entendam: Meu ramo continua imperfeito, como sempre foi, o negócio é ganhar tempo e, lógico, resguardar a identidade. Hoje você é Mário, amanhã Roberto, semana que vem você pode ser João. Tanto faz, burrice é ostentar, deixar rastro. Quer rodar de carrão, comer mulher, viver de fazer nada numa fazenda bacana? Faz como eu, vai para o Paraguai, mas bem discreto, como se fosse um mero representante de creme dental. Chego na rodoviária e ainda dá tempo pra um lanche antes do ônibus pra Mato Grosso sair, tranquilo. De lá, só atravessar alguma avenida de qualquer cidadezinha fronteiriça, e um abraço. Peço um mortadela abaixado na chapa. Enquanto o gosto forte e meio rancento da mortadela toma conta do meu paladar, faço cálculos que a dita deve dar por mim quando eu já estiver pelo pantanal. A senhora do 308 vai ficar chateada quando me vir nos jornais e cartazes pela rua. Primeiro porque nunca imaginou que eu pudesse trabalhar nesse ramo; e depois por perder um vizinho que a ajudasse com as compras.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

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