Terehell

quarta-feira, setembro 06, 2006

Entre o Sono e o Sonho, a Cidade Lá Embaixo

O rádio-relógio marcou 04:17 da manhã. Podia jurar que já seria manhã quando caminhou, tropego, para o banheiro. Lembrou que dormiu cedo, checou a garganta seca, o fôlego pesado, a vista embaçada e ardendo. Nada de luz do sol lá fora. Ainda tudo escuro como quando pegou no sono mais cedo. Apertou os olhos e respirou fundo. Um carro passou na rua lá embaixo, em alta velocidade. "Pra que pressa com a rua deserta a essa hora da manhã?". Avaliou a situação: não adiantaria dormir de novo, acordaria atrasado; mas caso não ligasse a TV podia ser que o sono voltasse, reconfortante. Que inveja dos que dormem bem. Dos que dormem lépidos e fagueiros durante oito longas horas e acordam leves como plumas, prontos para encarar um dia inteiro em pé, se for o caso. Sabe que vai sentir sono mais tarde, lá pelas 10:30. Se estiver no trabalho vai cochilar no meio de algum serviço importante. Caso esteja na rua vai sentir um tédio, seguido de ansiedade, aborrecimento e uma dor-de-cabeça zombeteira. Senta na beirada da cama, e bocejando admira o mundo pela janela. "Quantas pessoas dormem essa hora...Quantas vão acordar sem reclamar de ressaca, corpo moído". O jeito é esperar, se deixar cair pesado quando a morgação vencer o cansaço; afinal é o corpo precisando descansar. A alma não descansa, nem quando o corpo dorme. Ela sonha, e se o sonho não agradar, a alma força o corpo a acordar em susto, de coração acelerado. Lembra que uma pessoa lhe falou que há um charme em ser notívago, mas ele não acha graça em ser insone, embora preferisse ser um mero sonâmbulo.

1 Comments:

At 6:20 PM, Blogger Daniel said...

Bonito.

 

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