40° à Sombra do Sol Noturno
São 02:00 da manhã, mas amanhã (ou melhor, mais tarde) vai ser sábado mesmo. Nada de bater ponto, nada de ensaio. E a semana que vem só vai até quarta mesmo. Finais de semana tem servido pra dormir. Ou tentar dormir. As vezes me sinto numa daquelas casas chinesas onde os viciados se enfurnavam durante a guerra do ópio: perde-se a noção do tempo, o próprio tempo, a vida lá fora. Mas e daí? Eu não tenho a escolha de gastar meu tempo do jeito que me for mais conveniente? O calor derreteu a peça da antena e a TV a cabo está sem som. A água da torneira sempre está escaldante em qualquer lugar, comecei essa semana que finda hoje doente por causa do calor. Galões d'água, falta ar-condicionado que chegue; em casa, no carro, em qualquer lugar. Uma imagem de agonia: Um vendedor de urso gigante de pelúcia, esperando ônibus na praça da bandeira, às 17:30. Bob Dylan diz em sua autobiografia que os lugares frios são mais cheios de esperança, pois as pessoas sabem que mais cedo ou mais tarde o clima vai mudar e tudo vai mudar junto. Nos trópicos, onde é quente todo tempo, nada muda. Rimbaud vendeu armas ao rei da Absínia. Charles Bukowski separou cartas num depósito no subsolo dos correios em L.A . Rubem Fonseca foi delegado de polícia. Lou Reed vendia o próprio sangue quando a grana apertava.
E assim a vida no nono andar continua.
2 Comments:
Tá muuuito quente mesmo. Ontem a noite tava um inferno aqui em casa.
continua no quinto também.
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