Terehell

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Feels Good!


Sem ele não existiria razão pra usar aquela nota oitava, que dobra o som do baixo e quebra a batida junto com a bateria. Não haveria assim o groove, aquele espasmo involuntário que entra pelo ouvido, toma de conta do cérebro e rapidamente se espalha pro quadril. Não haveria o performer no lugar do crooner, os passos robóticos, o sapatinho cheio de malícia, o sujeito lá no canto pra cobrir com um agasalho aquele rosto suado qual de um boxer (afinal estamos falando do cara "que mais deu duro no showbussiness"), pra em seguida irromper num grito vindo do fundo da alma, uma batuta de maestro invisível, seguido de voltinhas, mais passos robóticos e aberturas de perna até o solo. Jacko e Prince nem saberiam onde fica a sex machine em suas respectivas fragéis anatomias se o Godfather não tivesse lhes mostrado a fissura que as branquinhas têm pelo negão marrento que manda na casa. Outros preferiram beber do seu groove infinito: Os branquelos do Gang Of Four (que usaram as lições do mestre para ampliar os horizontes do punk imberbe), os Red Hot Chili Peppers (e a reinvenção do groove com bastante anfetamina e psicodélia), os rappers e a cultura hip-hop, que veneram o groove como um dos pilares de sua santíssima trindade (e aí entra o sampler, que o trouxe de volta, em inúmeras citações, para gerações posteriores). Poucos seres humanos foram tão influentes e mudaram tanto a face da música. O céu está mais soul, mais funky, decorado com gordos grooves pesados, para virar um enorme Apollo Theater quando o "Papa" adentrar para o grande baile.