Terehell

terça-feira, dezembro 05, 2006

A Lo Cubano

"Na verdade, aqueles entardeceres com rum e luz dourada e poemas duros ou melancólicos e cartas aos amigos distantes me faziam ganhar confiança em mim mesmo. Se você tem idéias próprias, mesmo que sejam só umas poucas idéias próprias, tem de compreender que estará sempre encontrando caras feias, gente que vai fazer questão de lhe dar o contra, de diminuí-lo, de "fazer você entender" que não tem nada a dizer, ou que você deve evitar aquele sujeito porque ele é louco, ou afeminado, ou um verme, um vagabundo, outro porque é punheteiro ou vouyer, outro porque é ladrão, outro macumbeiro, espírita, maconheiro, outra porque é canalha, indecente, puta, sapatona, mal-educada. Eles reduzem o mundo a umas poucas pessoas híbridas, monótonas, aborrecidas e 'perfeitas'. E assim querem transformar você num excluído e num merda. Jogam você de cabeça na seita particular deles para ignorar e suprir os outros. E lhe dizem: 'A vida é assim, meu senhor, um processo de seleção e descarte. Nós somos donos da verdade. O resto que se foda'. E como passam anos martelando isso no seu cérebro, quando você está isolado se acha o máximo e se empobrece muito porque perde uma coisa bonita da vida, que é desfrutar a diversidade, aceitar que nem todos somos iguais e que se assim fosse seria muito chato."

Trilogia Suja de Havana

1 Comments:

At 10:42 PM, Anonymous Anônimo said...

a Trilogia ainda não li. tenho e li Animal Tropical. excelent.

 

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