Terehell

domingo, maio 13, 2007

Les Don't Suck




A aproximação, para desespero de alguns, do funk com o rock (e principalmente com suas vertentes mais pesadas) começou a se acentuar no comecinho dos anos 80 com bandas como Gang Of Four, P.I.L e The Pop Group. Não que Miles Davies, uma década antes, não tenha trilhado os caminhos fusion da mistura, mas os adolescentes californianos enxergaram , ou ouviram, na junção do groove com o peso um aditivo pra prolongar suas noites de festa, muito provavelmente. Daí foi questão de tempo pra pipocarem nomes dos mais variados como Flea (Red Hot Chili Peppers), Norwood Fisher (Fishbone) e Doug Wimbish (Living Color), todos eles mandando slaps na velocidade da luz, fazendo cama pra riffs não menos pesados. Mas o ponto de ebulição, ou o epicentro, já que estamos geograficamente no berço dos terremotos, se encontrava mais ao norte, em São Francisco, ali do outro lado da ponte Golden Gate, na chamada bay area (algo assim como Rio e Niterói), e atendia pelo nome de Les Claypool. Nascido no subúrbio de Richmond, Les tangenciou o sucesso ainda nos anos 80, quando era amigo em comum entre músicos locais como Cliff Burton e Kirk Hammet (Metallica) e o futuro-ex-Faith No More Jim Martin. Enquanto seus amigos praticavam suas revoluções musicais mundo afora, Les vagava de banda em banda, desenvolvendo um estilo que amarrava no mesmo balaio o King Crimson da fase "Discipline", as letras com cara de estórinha infantil de Peter Gabriel no Genesis, Frank Zappa, sem perder o fio da economia com The Police e toneladas de grooves de Stanley Clarke e The Meters. Essa mistura bombástica se materializou no começo dos anos 90 sob a alcunha de Primus, um trio que contava ainda com o guitarrista Larry "Ler" Lalonde (ex-Possessed, banda decana do Thrash Metal da bay area). Durante cinco discos Les Claypool martelou o juízo dos ouvintes com uma facilidade animalesca de alternar técnicas e estilos, variando de slaps a acordes, de baixos elétricos de 4,5, e 6 cordas a banjos e rabecões (com ou sem arco). Com uma parada técnica do Primus em 2000, LC passou a tocar com a The Fearless Flying Frog Brigade, onde executava velhos favoritos seus na integra ao vivo e os transformava em disco (caso de "Animals", do Pink Floyd), uma maneira rápida e barata de gravar. Isso não o impediu de gravar um disco-solo, "The Purple Onion", em 2002, e manter o Oysterhead, um projeto com Stewart Copeland (bateria, The Police) e o guitarrista Trey Anastasio, especialista em tirar sons bizarros de um chifre de alce amplificado e cheio de pedais de efeito. Abaixo três exemplos das astúcias desse monstro dos graves, que também é responsável pelo tema de abertura do desenho animado politicamente incorreto "South Park" e pela vinheta sonora do seriado "Sienfield":

* "Tommy The Cat" - Talvez a música que mais sintetize a colcha de retalhos que são as influências de Les. Lá pelo meio do clipe ele dá uma palhinha dos pequenos absurdos dos quais é capaz. Cuidado pra não embaralhar muito a vista...



* "To Defy The Laws Of Tradition" - Gravada numa sessão de rádio. Mostra de maneira mais "calma" como LC passeia com desenvoltura - até demais, por várias técnicas diferentes.



* "Master Of Puppets"/Woodstock 1994 - Durante seu show no revival do famoso festival, entre uma música e outra, o Primus faz uma reverência ao finado Cliff Burton. O Metallica estava no backstage pra tocar no mesmo dia e deve ter rido à beça.


1 Comments:

At 12:05 AM, Blogger J. said...

por que, senhor?

por que uns tocam tanto e outros tão pouco...?

 

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