Terehell

quinta-feira, julho 12, 2007

O Pam Da Arlindo Nogueira




Uma lembrança que eu guardo viva na minha cabeça é de uma tarde, depois de uma chuva, aquelas canaletas cheias de água misturada com folhas de Oití; eu devia ter uns sete anos de idade ou não mais que isso, e eis que surge um adolescente cabeludo, magricelo, descendo uma ladeira com aquele asfalto fumaçando do mormaço e brilhando, molhado de chuva, tocando uma flauta. Eu era um menino sem vitrola em casa, onde música era uma coisa produzida pelo meu pai, e esse fauno, Marcinho Menezes, morava a um quarteirão de distância de mim, e me fez ver, talvez pela primeira vez na vida, que se fazia som além dos muros de casa. Como todo bom adolescente, o Marcinho enfiou na cabeça que ia viver de fazer o que gostava, daí foi morar noutras paragens: Brasília, Rio de Janeiro...Mas acabou voltando pra Teresina e abrindo uma escola de música, onde eu me meti a estudar, embora passasse boa parte do tempo cascaveando os discos de jazz que ele deixava em um aparelho de som quase ornamental num canto de uma das salas de estudo. Um empréstimo de uma cópia de "Hot Rats" de Frank Zappa selou nossa amizade. Depois da escola, Márcio Menezes foi tocar os CDs dele, todos independentes e sempre com participação de maiorias do gênero, pelo mundo afora. Mesmo fazendo música instrumental não deixa nunca de homenagear o Piauí, sua cultura e suas belezas naturais, seja nos títulos de suas músicas ou nos nomes de batismo dos CD. De volta mais uma vez à terrinha, montou um estúdio, onde, depois de levar uma surra do endereço, fui encontra-lo finalizando seu próximo CD, que tem quatro faixas disponíveis no myspace. E lá ele fica, vivendo de música e criando o que gosta e vem na telha; esse sim o verdadeiro sucesso.

1 Comments:

At 5:30 PM, Blogger Alícia Melo said...

Adorei o título. ,D
=*

 

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