Hey, Bo Diddley!
"Sempre imitado, nunca igualado". Esse velho dito popular caia como uma luva para Bo Diddley, que subiu hoje pra tocar no bailão que rola lá pelo céu. Enquanto em sua terra natal, Bo, a.k.a Ellas McDaniel, era mais um artista negro vindo do sul racista, abrindo a machado uma trilha para o topo dos charts, na Inglaterra pré-invasão inglesa ele era lição de casa de garotos como os irmãos Davies, dos Kinks, que lá por 1965 levaram o refrão soletrado de "Cadillac" para o repertório de seu disco de estréia. A formúla mágica de Diddley era única, uma batida ritmada e sincopada em cima dos acordes do country blues, ligeiramente acelerados e saturados, não tinha como não virar rock'n'roll. Gente como Pete Townshend, do The Who, sabia disso, e fazia canções como "Magic Bus", totalmente Bo Diddley. Mas os EUA também se curvariam a ele, era questão de tempo. Garotos brancos como Robbie Krieger (The Doors) e Lou Reed também foram contaminados pela guitarra quadrada de Bo, em alguma transmissão de rádio noturna, enquanto fingiam pros pais que dormiam. Anos depois, em suas respectivas bandas, apareceram músicas como "Roadhouse Blues" e "Run Run Run", com a marca indefectível do ídolo. A sombra do groove de Bo Diddley perdurou por mais tempo ainda. Nos anos 80, uma versão cheia de distorções e microfonias de "Who Do You Love?" escalou as paradas britânicas com o Jesus & Mary Chain, enquanto o U2 pagou seu tributo inserindo a famosa levada em "Desire". Um dos pioneiros na eletrificação da música negra, Bo Diddley indo embora só deixa esse pequeno ponto azul na imensidão sem fim um pouco mais chato.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home