Terehell

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Fear of a Female Planet

A semana é das mulheres. Pelo menos delas duas: Madonna e Capitu.

Madame Ciccone, recém-separada, pôs a filharada no avião e embarcou pra "perna" sul-americana da sua turnê de nome ambiguo em inglês. Como produto pop, nunca me interessou. As mudanças "mirabolantes" de visual me lembravam demais o Bowie e daí sempre torci o nariz. Mas Mme. Ciccone é boa de charme, logo, boa de marketing. Soube se valer dele todos esses anos, e agora tá aí, cinquentona, de cartola e guitarra, à lá Marc Bolan, com bastante corretivo junto com o glitter, é verdade...Show de estréia cancelado na Argentina por atraso de equipamento, encontro com a guerrilheira Ingrid Bittencourt, protestos da igreja conservadora no Chile, 800 kilos de gêlo pra passar nas pernas...Tudo isso faz parte do circo da material girl, a fabriqueta de fatos que move o mito. Indaguei a um amigo jornalista (sim, isso existe!)que joga na coluna do meio se ele ia ver a Madonna. "Vou não! Gosto mais dela não!". Daí eu chego noutro ponto: Cuspiu no prato ou cuspiu pra cima, madame?!

Outra que eternamente deu rebanadas e por isso mesmo foi alçada ao status de "mistério" (ou como o autor a definia, "oblíqua") voltou essa semana rapidinho. Capitolina (assim, com "O" mesmo) era nada mais que o protótipo da futura mulher emancipada do neo-nascido século XX, que ainda engatinhava procurando a saída da sociedade patriarcal. Capitolina ainda iria marchar pelos direitos trabalhistas, pelo voto, queimaria sutiãs, bateria o pé pela pílula, discutiria o aborto e iria ao Pasquim falar palavrão. Capitu é a mulher jogando com a arma que ela tem por natureza: seu charme. Mesmo sem ser Machado, sempre digo: Se eu fosse mulher, mandava no mundo! Mas aí é outro post...

A minisérie da Globo é bacana (Você não assiste minisérie da Globo? Meus pêsames...), carrega um tanto na overdose de informação cinematográfica: edição frenética de "Réquiem Para um Sonho", trilha puxada à "Maria Antonieta" (já rolou de Beirut a Sex Pistols, passando por "Iron Man" versão saloon, a cargo do maestro Tim Rescala, aquele que trabalhou anos nos humorísticos do Chico Anysio) e um não-cenário tipo Lars Von Trier. Fora isso, têm as tiradas machadianas, bem melhores que as de Shakespeare, diga-se.

E cá pra nós: o mistério de Ezequiel ("as mulheres não entendem as ruínas") é uma pulga bem maior atrás da orelha...

1 Comments:

At 11:46 AM, Blogger André Gonçalves said...

eu gostei, sim do cruzamento de referências.
ainda mais numa aridez tão grande, essa aparente "overdose referencial" pode acabar gerando uma curiosidade de quem assistiu em buscar essas fontes. acehi tudo genial: figurino, cenário, narrações, trilha, direção espetacular. curiosamente o que menos gostei do de maria fernanda cândido. além de um pescoço muito comprido, um certo ar global grudado na pele. mas não atrapalhou. mellamed, excepcional. machado é foda. luiz fernando carvalho também. pra encerrar: achei cinco capítulos limite. mais, talvez, fizesse efeito contrário. abraço, bom te ver no farinhada. gente inteligente é muito bacana de se ler/ver/ouvir.

 

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