Fear of a Female Planet
A semana é das mulheres. Pelo menos delas duas: Madonna e Capitu.
Madame Ciccone, recém-separada, pôs a filharada no avião e embarcou pra "perna" sul-americana da sua turnê de nome ambiguo em inglês. Como produto pop, nunca me interessou. As mudanças "mirabolantes" de visual me lembravam demais o Bowie e daí sempre torci o nariz. Mas Mme. Ciccone é boa de charme, logo, boa de marketing. Soube se valer dele todos esses anos, e agora tá aí, cinquentona, de cartola e guitarra, à lá Marc Bolan, com bastante corretivo junto com o glitter, é verdade...Show de estréia cancelado na Argentina por atraso de equipamento, encontro com a guerrilheira Ingrid Bittencourt, protestos da igreja conservadora no Chile, 800 kilos de gêlo pra passar nas pernas...Tudo isso faz parte do circo da material girl, a fabriqueta de fatos que move o mito. Indaguei a um amigo jornalista (sim, isso existe!)que joga na coluna do meio se ele ia ver a Madonna. "Vou não! Gosto mais dela não!". Daí eu chego noutro ponto: Cuspiu no prato ou cuspiu pra cima, madame?!
Outra que eternamente deu rebanadas e por isso mesmo foi alçada ao status de "mistério" (ou como o autor a definia, "oblíqua") voltou essa semana rapidinho. Capitolina (assim, com "O" mesmo) era nada mais que o protótipo da futura mulher emancipada do neo-nascido século XX, que ainda engatinhava procurando a saída da sociedade patriarcal. Capitolina ainda iria marchar pelos direitos trabalhistas, pelo voto, queimaria sutiãs, bateria o pé pela pílula, discutiria o aborto e iria ao Pasquim falar palavrão. Capitu é a mulher jogando com a arma que ela tem por natureza: seu charme. Mesmo sem ser Machado, sempre digo: Se eu fosse mulher, mandava no mundo! Mas aí é outro post...
A minisérie da Globo é bacana (Você não assiste minisérie da Globo? Meus pêsames...), carrega um tanto na overdose de informação cinematográfica: edição frenética de "Réquiem Para um Sonho", trilha puxada à "Maria Antonieta" (já rolou de Beirut a Sex Pistols, passando por "Iron Man" versão saloon, a cargo do maestro Tim Rescala, aquele que trabalhou anos nos humorísticos do Chico Anysio) e um não-cenário tipo Lars Von Trier. Fora isso, têm as tiradas machadianas, bem melhores que as de Shakespeare, diga-se.
E cá pra nós: o mistério de Ezequiel ("as mulheres não entendem as ruínas") é uma pulga bem maior atrás da orelha...
1 Comments:
eu gostei, sim do cruzamento de referências.
ainda mais numa aridez tão grande, essa aparente "overdose referencial" pode acabar gerando uma curiosidade de quem assistiu em buscar essas fontes. acehi tudo genial: figurino, cenário, narrações, trilha, direção espetacular. curiosamente o que menos gostei do de maria fernanda cândido. além de um pescoço muito comprido, um certo ar global grudado na pele. mas não atrapalhou. mellamed, excepcional. machado é foda. luiz fernando carvalho também. pra encerrar: achei cinco capítulos limite. mais, talvez, fizesse efeito contrário. abraço, bom te ver no farinhada. gente inteligente é muito bacana de se ler/ver/ouvir.
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