O Sopro & A Fúria
Ashley Kahn emplacou novamente. Depois de passar em revista "Kind of Blue" de Miles Davis, o homem foi com unhas e dentes pra cima de "A Love Supreme" de John Coltrane. Não é uma simples radiografia, é uma verdadeira autópsia! Se em "Kind of Blue" Kahn têve acesso a mapas de gravação, fitas master originais e fotos das sessões, aqui ele descolou até notas de pagamento do reboque que levou um gongo e um tímpano de orquestra, as duas peças incomuns da bateria de Elvin Jones, à gravação. Ironicamente, os instrumentos que abrem e fecham o disco, um testamento musical e espiritual de um músico que foi mais que uma virtuose, também ajudou a redefinir um instrumento enquanto o estilo caia de vez nas graças da massa não necessariamente afro-americana. Mas talvez arqueologia mesmo tenha sido esclarecer o que realmente houve na segunda sessão de gravação, que foi descartada na época pela gravadora, e lançada em forma de faixas-bônus no relançamento de 2004, quarenta anos depois do original. Para reconstituir isso, AK entrevistou músicos, engenheiros de som, executivos de gravadora e a viúva e atual controladora do espólio de Coltrane, Alice. Novamente pode parecer chato pra quem não tem muita intimidade com o mundo da música (e do jazz principalmente), seus termos e expressões, mas um belíssimo trabalho.
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