Arroz de Festa 2/5
Joãozinho já morava há algum tempo nos EUA, afeiçoara-se ao país desde o mitológico concerto do Carnnegie Hall. Já era passado sua saída de Juazeiro, sua passagem por Salvador, a ida para o rádio no Rio, a temporada passada em Minas com a irmã, onde trancara-se num quarto e inventara uma batida nova pros sambas de sua infância. Já fazia um tempo também da sua volta ao Rio, do espanto do vocal pseudo-desafinado, da batida poderosa, da revolução na música popular. Joãozinho estava tranquilo de volta aos EUA, depois de uma temporada morando em Acapulco, no México, com Miúcha e Bebel. Então Joãozinho foi convidado pra emprestar seu violão e sua voz à orquestra de Claus Ogerman, maestro experiente na feitura de trilhas sonoras para cinema. Cometeu-se então esse disco, amado pelos seguidores incondicionais de Joãozinho, odiado pelos puristas, que só conseguem vê-lo como um caça-níqueis de luxo. Joãozinho achou tudo maravilhoso: resgatou temas dos irmãos Gershwin, dos antigos musicais da Metro( "`S Wonderful"), reviveu seu tempo de crooner de orquestra ("Besame Mucho","Estate"), reafirmou amizades ("Wave", "Caminhos Cruzados" e "Triste", do amigo Tom, do tempo do Beco das Garrafas) e estreitou laços familiares ("Retrato em Branco e Preto", do cunhado Chico Buarque). Enquanto os guardiões de sua música se esbofeteavam em seu torrão natal, Joãzinho ria marotamente no encarte. Depois disso Joãozinho guardaria seu violão por mais um bom tempo até voltar a burilar nos seus sambinhas, assim como Caymmi lhe ensinou.
João Gilberto - "Amoroso" - 1977
(Postado em 05/05/05 em http://www.fotolog.com/terehell)
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