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Domingo era nosso dia preferido. Eu acordava cedo e você me mandava tomar café pra irmos sair. Cruzar o centro a pé, descer pela encosta dos trilhos e alcançar o mercado do Mafuá, depois passar pelas casas humildes e sonolentas da Augusto Ferro, o campinho da igreja da Vila, a padaria, e finalmente sair na Santos Dumont, naquele quarteirão que hoje nem é mais tão grande assim. As pessoas diziam que eu era pequeno demais pra caminhar tanto, aí você me perguntava se eu estava cansado Nem se eu estivesse eu diria. A noite você tinha de viajar e pra me consolar me comprava um gibi. Muitos anos depois, você me acordou sem querer num domingo pela manhã e disse que ia ali. Ontem fez treze anos que você nunca voltou.
Ao longo da vida me deparei com muitas situações onde tudo que eu quis foi levar uma clássica bronca sua. Perdi, perco e provavelmente perderei várias coisas e pessoas ao longo dessa estrada, mas diariamente nada nem ninguém me faz tanta falta quanto você. Tenho de confessar aqui duas coisas (e isso está me custando demais confessar). Ainda sonho com você, voltando e indo embora de casa, triste e calado e eu confuso sem saber o porquê. E ainda sonho mais: por muitas vezes estive num palco e tive a certeza que você ia chegar lá no gargarejo, com uma latinha de cerveja na mão, camisa meio aberta, a testa vermelha e ia ficar tirando onda da molecada se quebrando toda.
De consolo eu só tenho memórias e a sensação de me pegar cada dia mais parecido com você, nas manias, nos trejeitos e nesses óculos ridículos que agora eu tenho de usar. É o melhor jeito que encontro pra dizer que continuo te amando e sendo seu fã.
Miss you much, dude.
7 Comments:
escorreram umas lágrimas por aqui...
caralho! vc me fez chorar,seu viado!
lindão
sei exatamente o que é isso.
chorando aqui...
bj na alma!
Bonito, isso.
Tipo do nó que não desata. É preferencialmente bem apertado!! Aqui tb ecoou...
outra Natacha na tua vida, é? rsrsrs
eu to chorando aqui, viu?
porque eu conheço você...
beijos
Naty
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