Cutucando a Onça
Não falei que era só eu dar a corda? Já conhecia umas pessoas interessadas em contar os faroestes do rock mafrense (como diria o falecido). Meu povo, eu não vou contar essa estória e suas estorietas, tá todo mundo vivinho da silva e ninguém tá sofrendo de Alzaymer ainda. É só catar o povo, essa é a parte mais dura, porque tem gente sumida e perdida aí pelo mundo, mas depois, um abraço.
Boa sorte a quem resolver fazê-lo, com certeza vai se divertir com muita estória cabulosa. Mas tem de ser sem censura, só tem graça cortando na própria carne. Com certeza a fraca memória material do rock local agradecerá.
E pra não dizer que não ajudei, vão aí três dicas de leitura, tanto pra instigar quanto pra dar uma idéia estética da parada:
MATE-ME, POR FAVOR: A ESTÓRIA SEM-CENSURA DO PUNK AMERICANO: de Gillian McGain e Legs Mcneil, conta de maneira bastante franca a saga do punk da costa leste americana, desde os precursores Velvet Underground, Stooges e MC5 até a ressaca vivida pela cena na metade dos anos 80, com a morte de alguns de seus expoentes. Alguns outros já morreram, infelizmente, depois do livro, o que só aumenta seu valor histórico. Destaque para os depoimentos de Danny Fields, ex-manager dos Stooges e dos Ramones (que curriculo...), muito sexo, drogas, rock'n'roll e lavação de roupa suja,
GAULESES IRREDUTIVEIS: CAUSOS E ATITUDES DO ROCK GAÚCHO: de Alison Ávila, o tema por si só já é dos mais interessantes, isolados geograficamente, com bom poder de aquisição e ávidos por boa música, os gaúchos exportaram pra todo o Brasil, apartir da segunda metade dos anos 80, bandas tão inusitadas quanto Engenheiros do Hawaii e Cascavelettes. O autor repassa através dos depoimentos " a estória do rock gaúcho sem nenhum dano cerebral" como dizia aquela música da Lovecraft, do não menos doido Plato Divorak, um dos muitos personagens depoentes. Citando João Gordo (que não é gaúcho), na abertura de um dos capítulos, "não precisa ser doido, basta ser gaúcho",
DIÁRIO DA TURMA 1976-1986: A HISTÓRIA DO ROCK DE BRASÍLIA: de Paulo Marchetti, o surgimento das quatro principais bandas do rock candango (Legião, Plebe, Capital e Raimundos), o livro ajuda a entender um pouco do dia-a-dia da garotada que tinha acesso a informação mas morava no meio do nada. Nenhum sexo, benzina e punk rock circa '77, entrecortados com festas, rockonhas, playboys e shows no melhor estilo "do it yourself".
No mais eu quero é ver o circo pegar fogo. Ou me queimar junto. "No one here gets out alive", sempre.
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