Terehell

segunda-feira, março 02, 2009

Doidos, Eles?

A literatura sempre adorou os loucos. Na verdade descobriu que suas personalidades, por vezes intempestivas, rendem excelentes e memoráveis personagens. Abaixo apenas alguns poucos exemplos de loucos na literatura:

"O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de La Mancha - Vol. 1" - Miguel de Cervantes(1605): Taí um doido difícil de bater, porque provavemente ele foi o primeiro. Sua fama e aventuras extrapolaram pra outras áreas, como a psiquiatria clínica. E olha que a intenção do Cervantes era fazer um deboche com os cavaleiros medievais. Tal criatura, tal criador...









"O Idiota" - Fiódor Dostoiévski (1869): Autor indispensável pra se entender a grande bagunça que era a Rússia antes da Revolução de 17. O alienado, avoado, apavonado e frágil príncipe (só no nome) Michkin volta à Petesburgo para reaver o que lhe é de direito em uma herança não lá muito ortodoxa e dá de cara com uma sociedade decadente, formada de novos ricos, ex-burgueses, concubinas e vendilhões. Dostoiévski por vezes disse ter criado o personagem à semelhança de Cristo, mas acabou fazendo um retrato de si mesmo.




"O Alienista" - Machado de Assis(1882): Simão Bacamarte funda um manicômio. Fazendo valer a máxima que "de médico e doido todo mundo tem um pouco", começa a trancafiar um a um os moradores da cidade, até que só reste do lado de fora ele próprio. Fica a pergunta no "final aberto", mais que machadiano: Quem é o verdadeiro louco?






"O Exército de um Homem Só" - Moacyr Scliar (1973): Doidos revolucionários só existem na literatura. Na vida real um doido que vire a mesa e tome o poder de alguma coisa vira somente mais um tirano cruel para as enciclopédias (hoje em CD-ROM). O doce revolucionário Birobidjan desembarca menino no bairro judeu do Bom Fim, em Porto Alegre, e lá cresce alienado do mundo em seus sonhos de tomar de assalto o poder, mesmo que seu exército se resuma a ele e seus fantasmas, que cuidarão de segui-lo por toda sua existência.




"O Grande Mentecapto" - Fernando Sabino (1979): Da infância à vida adulta, as mil e uma andanças de Geraldo Viramundo pelo interior de Minas, pulando de cidade em cidade, assim que todos começassem a achar que ele não batia muito bem da bola, o que acabou por leva-lo a um sanatório em Belo Horizonte, junto com as prostitutas sem-teto, confundido com um comunista. Trespassando a saga de Viramundo vários outros "trens de doido", como o Governador Ladisbão, a viúva Peidolina e o vigia do roseiral.