Terehell

quarta-feira, março 04, 2009

Prata com Buraco no Meio

O CD, este morto-vivo, é o fio-condutor deste post.

Começo com duas notículas de retornos: Faith No More volta à ativa, Deus e Mike Patton sabem com qual formação, mas desconfio, e aposto, na de "Album Of The Year", último esforço conjunto da banda em estúdio. Lembro que minha antiga banda, onde toquei por 12 anos, participou de um tributo ao FNM, tributo virtual, não havia CD físico, só download gratuito. Vejamos como as coisas andam rápido: isso foi há apenas quatro anos. Parecia bizarro lançar um tributo de graça na internet, mas hoje é a coisa mais banal que existe, depois do advento do myspace e dos rapidshares da vida. Um fórum on-line dos participantes da coletânea discutia sobre diretos e liberações, e lembro nitidamente de ter opinado sobre como um tributo daqueles 'requentaria' a discografia de uma banda que não lançaria mais nada inédito.

Mais voltas: Jane's Addiction volta aos palcos estadunidenses agora em maio; e o selo Rhino, aquele que lança e relança discos em formatos luxuosos, e por vezes recheados de material inédito, põe no mercado uma caixa intitulada "A Cabinet of Curiosities"; 30 faixas não-ouvidas ou nunca lançadas, material ao vivo em aúdio e DVD. Vão aí no balaio covers (músicas alheias), demos (versões embrionárias de músicas que até fizeram sucesso depois) e ensaios. Resumo da ópera: coisa pra aficcionado, porque além de ser em formato CD, e caro, é de certa redundância pro ouvido médio; só pra (muito) fã. A Rhino segue confiando não só no formato(em abundância)do CD, mas também apostando em revitalizar o catálogo do artista em nova apresentação, pra justificar tanto a aquisição quanto o preço.




Zeca Camargo prometeu pra amanhã no blog dele "uma réquiem pras lojas de disco". Uma triste piada. É assustador pensar que gente hoje com 18 anos de idade nunca entrou numa loja só com vinis (sem ser sebo). Pra mim ao menos é assustador, pra 80% do mundo lá fora, a essa altura, é pura besteira.

Já que eu sou saudosista mesmo - e fod*-se... - Bob Smith, vocalista do The Cure (The Cure foi, nos anos 1980, o que o Radiohead é hoje) andou reclamando da iniciativa do Radiohead em pôr "In Rainbows", seu último trabalho, pra download gratuito. Francamente: "In Rainbows", pra baixar, foi o blefe do ano. Ora...Sua banda é 'conceituada', sua gravadora estava 'em êtas' porque seus últimos trabalhos são 'difíceis' de vender, seu contrato acabou mas você tem um material que julga consistente. Tá, bota na rede e deixa seus fãs dizerem quanto vale! A gravadora, se quiser, que corra atrás do prejuízo (virtual) depois. Justo, muito justo, justíssimo...Mas 'Fat' Bob Smith não pensa o mesmo. Pra ele, só ele, e mais ninguém, nem gravadora nem fã, sabe dizer quanto vale o que ele faz. Vai encarar?

A falência do formato CD, a distribuição e cobrança de fonogramas (como os entendidos de primeira hora na venda de MP3 chamam música agora) e o bate-boca que isso causa estão indo além do 'economês': vão pro lado ético já.

1 Comments:

At 1:47 PM, Blogger Sâmia said...

E você viu que tem grande gravadora voltando a prensar vinil por aqui? Que coisa, hein...

 

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