Por muitas vezes, quando eu fui ou sou obrigado, a socializar com o 'mundo normal', tenho a sensação de que eu e um grupo de outras pessoas que poderiam ser classificadas como 'excentricas' não somos dessa dimensão. Apesar disso eu entendo os desesperados, aqueles que uma hora não toleram mais usar uma máscara, rasgam a fantasia, saem do papel que são obrigados a representar e cometem atos extremos. Engraçado é que se espera esse tipo de atitude justamente dos que agem ao contrário, os que encaram o mundo com sinceridade e cara limpa, os que reconhecem suas fraquezas e defeitos, e, mesmo sem notar, pelo simples fato de reconhecerem, dão um primeiro passo fundamental pra serem cabeças e espíritos bem-resolvidos. Muitas vezes eu me coloquei na situação de uma pessoa que decide que não tem nada mais a perder. Realmente deve dar aquela coragem, aquele impulso em forma de surto. Sujeito vai lá e faz, nem pensa duas vezes. Por isso, apesar de muita gente apostar que pessoas como eu é quem cometem esse tipo de coisa, eu não cometeria. Confesso aqui que a última vez que entrei num desespero agudo, quando senti o chão faltar, eu só tive ação de reunir forças e pedir pra não pirar. É dose, eu afirmo. É você contra você mesmo, e não tem paleativo fora força de espírito e coragem de não ter coragem pra fazer o que primeiro passa pela cabeça. É preciso procurar e puxar na marra personalidade lá do fundo do íntimo. Só que muitas vezes no fundo do seu eu, não tem nada. Aí você se fode, literalmente; e não importa quem quer que você seja: é ser humano sujeito á fraquezas igual a qualquer outro. Por isso eu entendo quem pira no Natal, porque a última coisa que vai importar é se é Natal ou outro dia qualquer.