E a turba urrou sem pena esse ano: ao contrário do festival do ano passado, nadica de feriados esse ano. Os dois últimos que poderiam ter sido e não foram: Eleição e Dia das Crianças.
Eleição, antigamente, no tempo dos generais, era uma coisa mais rigorosa e menos oba-oba. Calma...Não vou pedir pro Figueiredo voltar. Rigorosa no sentido de ser menos festiva, carnavalesca e mais 'dever cívico'. O próprio desregramento da classe política tem contribuído pra isso. Vide o cemitério que ficou a cidade, simplesmente deserta. Sinal dos tempos, e da insatisfação dos eleitores com a qualidade e a marca dos 'cidadões' que se prontificam a representar o povão na câmara municipal. Os que têm parentes no interior transferem o domicílio e muitos aqui engrossam as fileiras dos que preferem pagar multa a ir votar em candidato 'laranja', ou que só fala em 'fumo' ou a quem foi esquecido de avisar que o muro de Berlim caiu há mais de dezoito anos.
Saudade do tempo da escola, que servia de zona eleitoral, logo eu não tinha aula na véspera da eleição.
Natal, dia dos namorados, Páscoa, dia dos pais, das mães... Tudo isso pra aquecer o comércio. Pois por mim que aqueça e pegue fogo. Capitalismo em estado de imolação e graça. Não dá pra mim. Fujo léguas desses feriados comerciais; primeiro pra preservar meu rico e tão suado realzinho, depois porque cada vez mais eu me encaixo menos no perfil do 'consumidor' desse tipo de feriado-arapuca. O único que não consigo escapar é do Natal, uma coisa deprê ao extremo, mesmo com presente. E criança é um ótimo alvo-móvel pro comércio, apesar de não ter dinheiro pra gastar. Não tem dinheiro, mas aperreia, isso que vale. Alguém lembra que o Pelé dedicou o milésimo gol às crianças, quase quarenta anos atrás? Era meio puxão de orelha, pras autoridades se mancarem do abandono dos menores e tal. De lá pra cá, dá-lhe Dia da Criança (que também é dia da padroeira do país, você pode comprar um tercinho novo...), Criança Esperança, Pixote, Estatuto da Criança e do Adolescente, Chacina da Candelária, e eu nunca ganhei meu Autorama, nem no dia das crianças, nem no Natal, nem no aniversário...Enfim.
Quanto mais o mundo roda, mais igual ele fica. Só muda que uns anos têm menos feriados que os outros.