Por esses dias voltou à tona o velho assunto das drogas. Autoridades preocupadas, cobrando uma "frente", aquele discurso moralista requentado... O problema é bem profundo, mas é de saúde pública e de educação, antes de ser de polícia. O sujeito bebe uma garrafa do melhor malte escocês, do lúpulus selecionado, da caninha destilada na fazenda da família quá-quá-quá desde o tempo do dom-papai. Ora, sabe-se o que se bebe; a qualidade do produto é a maior propaganda dele mesmo. Já quem compra uma "dóla" na quebrada pode estar levando folha de bananeira seca no lugar do almejado "blunt". Sem falar em quem fica doidão por aí com bicarbonato, fermento de pão ou sal-de-fruta, usados pra dar aquele "ganho" de quantidade nos pós andinos. Mesmo o tabelado e arrecadador cigarro, com todas as porcarias que lhe servem de componentes, faz questão de pôr na caixinha as porcentagens da tóxina que você bota pra dentro em cada tragada. Se as pessoas tivessem realmente noção da má qualidade, em associação ao uso prolongado, já seria um chute na canela da glamourização das drogas. O que mata, ainda, é a falta de informação. Têm de reprimir o tráfico, o traficante, o aliciamento e todas os desdobramentos do mercado negro das drogas? Lógico, mas isso seria um problema bem menor se fosse morto pela raiz, ainda lá no criadouro.
Falando em glamourização das drogas, um feira de livros lançou uma campanha (louvável) anti-drogas, um
plus na divulgação do evento. Mas eu pensei imediatamente: E Rimbaud e o absinto? E os paraísos artificiais de Boudelaire? E os
fixs e
yages de Borroughs? E Dionísio mascando ervas alucinógenas? Falta cultura pra cuspir na estrutura!
Antigamente o uso recreativo e criativo dessas coisas era bem mais seguro: retornamos ao detalhe da qualidade do produto, pois. O Brasil não precisa da Marcha da Maconha. Precisa, sim, de marchas contra a demagogia, a corrupção e a cara-de-pau dos políticos...
...Que vão lá tomar o seu uisquinho depois de um cansativo dia de fisiologismos, que ninguém é de ferro, né?