Antigamente, muito antigamente, eu fazia umas resenhas tão bacanas do
Abril Pro Rock que até tinha a cara-de-pau de emplacar nos jornais locais. Mas hoje, agora agorinha, estou meio doente e mau-humorado, então vou só passar cada banda em separado. Depois de um tempo, festival e vida ficam assim mesmo, que nem cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Dia 16 - SextaAmp (PE) - Banda local. Têm lá seus fãs, amigos e parentes pra chegarem cedo, logo abrem a noite. Não vi, ainda estava do lado de fora.
Black Drawing Chalks (GO) - Mesmo com esse nome são a aposta 2009 do selo Monstro. Um MQN júnior, guitarras altas, cara de quem não é muito amigo de chuveiro e odes á cerveja. Na escala "grebo", nota 5.
Matanza (RJ) - Não sei qual meu problema com o Matanza. Talvez o excesso de clichês. O show foi bom, nada mais. Um show até correto pra quem tocou com um guitarrista suplente.
Decomposed God (PE) - Banda local de metal, das antigas. Com certeza tiveram sua meia hora de glória.
Motörhead (UK) - "
Good evening: We are Motörhead and we play Rock'n'Roll!". Gastaria linhas e linhas aqui, mas pelos motivos já expostos me limito a dizer que o show seguiu basicamente o set do DVD "Everything Louder Than Anything Else", sem tirar nem pôr o pé do acelerador. Lemmy fala pouco com a platéia, se poupa pra aguentar o rojão de um show de duas horas. O som é extremamente alto e só não embola graças ao formato trio. Mataram 22 anos de espera do pirralho aqui.
Dia 17 - SábadoJohnny Hooker & Candeias Rock City (PE) - Candeias é longe pra cacete e Johnny Hooker deve ser influênciado pelos finados Secos & Molhados, Marilyn Manson e Testículos de Mary. Destaque mesmo só o reforço do prata-da-casa e gente boa Marcelo Gomão (também da Vamoz!). Lá pelo meio do show tocaram um cover do Bowie ("Moonage Daydream") e pôs duas moças (...?...?) pra dançar seminuas no palco. Gratuito.
The Keith (PE) - Não foi só na gringa que o
hype deu cria, no Recife também. Ano passado tinhamos Sweet Fanny Adamms, esse ano tivemos The Keith. Guitarrinha no sovaco, calça
skinny e palhetada
stacatto. Indústria cultural é isso? Para o mundo que eu quero descer...
Vivendo do Ócio (BA) - Esses pivetes ganharam um concurso de talentos patrocinado por uma tubaina num canal de TV aberta. Tem marra, são muito novinhos, mas também músicas muito bem sacadas, já demonstrando um certo amadurecimento. Se nenhum "midas" pusser violão demais na música deles, lançam bem mais que dois discos.
Retrofoguetes (BA) - Esses eu vi no mesmo APR tempos atrás. Banda afiada, instrumental, e que tem sede nesse tipo de evento. Não tem essa do som só funcionar em locais pequenos ou médios, pra platéias maiores como aqui engordam o repertório com Reverend Horton Heat e Dick Dale, e atocham até uma guitarra baiana safada guela abaixo da galera. Fizeram jus ao nome no cartaz.
Vanguart (MT) - Danou-se... Segundo show do Vanguart em seis meses. Ao menos esse foi curtinho. Cada vez mais querem ser a The Band, até na compra dos instrumentos. Tudo bem: você vai abusa-los em mais ou menos seis meses, são bola da vez. Uma versão de Dorival Caymmi deslocada no tempo e no espaço e uma "Leonor" sem pé nem cabeça ao lado de Fred 04 em pessoa.
Volver (PE) - O show do festival. Banda forte no som e também no
marketing. Levaram o público na mão, estavam na cara do gol, tinham consciência disso e não medraram.
Heavy Trash (EUA) - Jon Spencer agora brinca de The Cramps. Enfadonho, porém didático.
Móveis Coloniais de Acajú (DF) - Um dos melhores shows de banda independente da atualidade. Acabaram de fazer seu segundo disco sob a batuta de Carlos Eduardo Miranda e administram bem a performance ao vivo. Nem o tempo limitado conseguiu bufar o show dos caras.
mundo livre S/A (PE) - Show que deu o pontapé inicial às comemorações de um quatro de século da banda. Pra tanto, Fred 04 deu pontapé na banda quase toda. Repaginado, desfiou um rosário de hits, que, incrivelmente, o mundo livre (minúsculo assim mesmo) tem.
Marcelo Camelo (RJ) - O Hurtmold ao vivo é luxo só. A banda nacional mais afiada já de um certo tempo, mesmo nadando contra a corrente e gravando longe do circuitão dos selos e produtores. Rob Mazurek (Ex-The Eternals) reforça o time no palco. São capazes de ir da dissonância misturada à ambiência até o mais puro afro-jazz num piscar de olhos. Marcelo quem? Camelo? Ahn? Aquele garoto barbudo ali no meio do palco? Ao menos ele não botou a namorada no show. Ela ficou quietinha no
backstage.
Ia pôr os links das bandas, mas não estou de adular ninguém. Procurem pelo Google vocês mesmos, todas aí tem, ao menos, um myspace. As fotos são de Beto Figuerôa.