Terehell

quinta-feira, maio 31, 2007

Bass Hero





John Entwistle era apenas um dos inúmeros adolescentes britânicos contaminados pela música negra americana na virada dos anos 60. Amigos de vizinhança do guitarrista Pete Townshend e rumando pra escola de arte (o sumidouro dos alunos problemáticos no sistema educacional inglês), não demorou muito pra começarem a arrumar contratos de shows na emergente cena de Skiffle (a versão britânica do folk americano) e fundarem o The Detours, que depois seria The High Numbers e finalmente The Who. As performances da banda entraram pra história do Rock pela energia e desapego a guitarras, baterias e microfones. Entwistle era o oposto da expansividade de Roger Daltrey, dos golpes de guitarra de Townshend e da bateria tresloucada de Keith Moon. Sempre no canto esquerdo do palco, JE cultivava um semblante calmo e taciturno (daí o apelido de "The Ox" - "O Boi"), embora seu "gosto" por instrumentos de formatos exóticos e guarda-roupa mais exótico ainda estivesse longe de passar desapercebido. No famoso show do festival da Ilha de Weight, por exemplo, ele tocou vestido de esqueleto. Já no final da carreira preferia ternos estampados com motivos ecológicos: onça, zebra, tigre, etc. No campo musical, JE foi tão inovador e marcante quanto seus colegas de banda. Imaginem que não deve ter sido nada fácil achar espaço numa banda onde o guitarrista tocava no modo "esporro" boa parte o tempo e o baterista parecia que ia sair voando a qualquer momento. Mas o baixista foi pacientemente achando seu espaço, com linhas precisas, e com o passar do tempo explorando sonoridades pioneiras, como o uso da distorção, trompa (tocou todos os arranjos do instrumento na ópera-rock "Tommy", de 1970) e backing vocals que evoluíram para vocais principais ("Boris The Spider", "My Wife"). No final das contas, dos projetos paralelos da banda, JE ganhou em número de álbuns-solo (oito) e é citado, cinco anos após sua morte, como um dos mais influentes instrumentistas do gênero.


Amigos e admiradores falam um pouco do "The Ox". Retirado de um documentário ainda inédito:


Extra do DVD "The Kids Are Alright". A câmera e o canal de aúdio são exclusivamente do baixo na música "Won't Get Fooled Again" (do disco "Who's Next", de 71), pra se ter idéia da elegância e do peso de John Entwistle:


Um vídeo mais recente de uma das inúmeras turnês de volta do The Who. Solo da música "5:15", do disco "Quadrophenia" (73). Veja e creia:









quarta-feira, maio 30, 2007

Mais Dengosas...



Pra não dizerem que só rola crítica e que nêgo aponta o dedo pros possíveis culpados e não mostra solução: Alguém vê pontos de coleta seletiva pela cidade, nas praças, edifícios (nem que sejam só os de repartições), ou coisa do gênero? Até onde eu entendo, garrafa e pneu são reciclavéis e não deveriam se misturar a lixo comum, certo? (outra coisa que a maioria das pessoas não sabe ou não se toca é a quantidade de garis com cortes resultantes de pedaços de vidro misturados a lixo na hora da coleta nas ruas).

Já resolveria muita coisa, bem mais (barato, inclusive) que dizer que vai pulverizar mosquito com avião (pra que eu fui falar em "fumacê"...), né, W. Dias?

Volta, Odorico!!

terça-feira, maio 29, 2007

O Mosquito, A Urna e a Dinamite





A população está em polvorosa. Um surto de dengue hemorrágica se abateu sobre a cidade, fazendo quatro vítimas fatais, todas crianças de menos de 10 anos de idade, e deixando quase 300 enfermos internados, um deles uma famosa jornalista televisiva, cuja convalescência grave foi notícia nos principais portais de notícia da cidade, vindo finalmente chamar a atenção do prefeito, que além de médico, é político, e sentiu a urna balançar.
O problema já é conhecido e prosaico, só que desta vez os vilões não são mais só os pneus e jarros, mas as garrafas do milagreiro motorista Gregório, às margens do Poty, onde os bem-nascidos gostam de fazer cooper ao entardecer, justo a hora que o mosquito sai pra encher a pança. Uma amiga jornalista me chamou a atenção pros "Fumacês". Confesso que não os vejo mesmo há um bom tempo. Ou acabou a verba ou eles não serviam pra nada (o que acaba dando na mesma: gasto desnecessário de dinheiro). O fato é que dengue hemorrágica mata de verdade, não é só mal-estar, febre, suadeira e aquela coceirinha já nos finalmentes da doença. Se não detectar a tempo...um abraço.
Alarmado por sentir os possíveis sintomas da molestia tropical, o indivíduo de nome "Rubão" foi se consultar. Só que além de doente, "Rubão" também era procurado pela justa, e na sua casa, junto com bacias que denunciavam o possível foco, foram achadas bananas de dinamite e detonadores de granada, que "Rubão" usava em assaltos. O Aedes não perdoa mesmo.

segunda-feira, maio 28, 2007

Temporão



Quando você lê as coisas sem ter obrigação, são outros 500:

O Que Faz O Brasil Brasil? (Roberto DaMatta): Fui obrigado a ler quando paguei uma cadeira de Introdução à Sociologia. Apesar da linguagem e das ilustrações bem humoradas, ler isso por obrigação é um saco. Já lendo nas horas vagas ajuda a derrubar muitas fichas sobre a (des)organização desse país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza.







Teorias das Comunicações de Massa (Mauro Wolf): O terror de quem já cursou Comunicação. É adotado na disciplina mais chata da face da Terra, a própria Teorias da Comunicação. Durante muito tempo não têve edição nacional, ou seja, você era obrigado a ler e fazer trabalhos lendo um compêndio editado em Portugal, ô pá! Mais accessível em texto e preço, é bem mais agradável ler sobre Escola de Frankfurt, Apocalípticos, Massa homogênea e outras bizarrices (Não, isso não é um livro de RPG)



Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis): Se você cursou qualquer escola, pública ou particular, durante o século XX, foi obrigado a ler nem que tenha sido só o roteiro resumido disso. Se leu na tenra idade, não entendeu patavina e se leu o resumo perdeu uma estória de dar dor-de-barriga de tanto rir. As aventuras e desventuras de um defunto, contadas pelo próprio. O capítulo do delírio e a passagem sobre a bela moça coxa e manca são impagáveis.

sexta-feira, maio 25, 2007

Fortune Cookie Big Hits Vol.21



"Andorinha que voa demais com morcego aprende a dormir de cabeça-pra-baixo"

quinta-feira, maio 24, 2007

O Tom Do Azul



Quatro anos antes de “Kind Of Blue” ser lançado, Miles Davis era mais um músico negro perambulando em farrapos por Nova York. Viciado em heróina, assim como boa parte de seus companheiros de labuta, Miles pendurava os instrumentos pelas pawn shops das redondezas e gastava cachês com o vício, aplacando a frustração de não poder dar asas a uma música moderna e inovadora que começou a se revelar em sua cabeça outros cinco anos antes, quando desembarcara na cidade com a desculpa de estudar música na renomada Julliard School. Filho de um bem-sucedido dentista de New Orleans (claro, até onde um negro conseguia renome na Ámerica pré-Luther King), Miles levava aparente vantagem sobre seus contemporrâneos por ter uma bagagem cultural mais elitizada. Enquanto seus colegas da noite se preocupavam com o do almoço ou do pico, ele passava horas estudando partituras de música clássica pelas bibliotecas de Manhattan. Admirava pintores e queria transformar seu som num equivalente sonoro do que Leonardo DaVinci ou Van Gogh tinham feito nas telas, mas esbarrava na segregação racial, no american way of life apenas para brancos e na falta de sintonia dos músicos, embora tivesse um faro para enxergar seus potenciais. Enquanto outros instrumentistas eram tratados como gado, obrigados a entrar pela porta dos fundos dos night clubs e tocar por cachês de fome, Davis namorava brancas, gostava de carros esporte e ternos bem-cortados. Sentia que precisava abrir espaço à força com sua música e ter a visibilidade que os talentos do jazz mereciam e não tinham. Uma noite teve seu orgulho ferido pela última vez. Semi-indigente na porta de um clube, foi reconhecido por um amigo arranjador, que vendo-o maltrapilho depositou uma nota de cem dólares no bolso de seu terno amafanhado. Aquilo lhe doeu mais fundo que todas as decepções na big apple, e Miles rumou para a casa de seus pais na Louisiana. Lá, trancou-se por três meses num celeiro e emergiu limpo do vício, pronto para tomar seu lugar não só como gigante do jazz, mas também como um ícone afro-americano, dando aos negros um espelho onde refletir seu orgulho, sua atitude e sua postura. Esse é apenas o ponto de partida para tentar decifrar “Kind of Blue”, o disco. Numa época em que artistas negros só gravavam em pequenos selos, de distribuição precária, Miles foi viver sua época de ouro na Columbia, ao lado de gente como Frank Sinatra e Tony Bennet. Cercou-se de bambas (aproveitando seu radar para descobrir talentos) e pôs pra fora uma música cheia de influências de clássico e oriental, rumando para horizontes onde a música podia ter mais espaço para improvisos e assim ser mais livre. Concepção, feitura e impacto de “Kind of Blue” são minusciosamente examinados neste livro por Ashley Kahn , jornalista e fã de terceira geração da revolução de Miles Davis. um trabalho de relojoeiro, com acesso a fitas master, mapas de gravação, relatórios internos da gravadora, e relatos das três únicas pessoas presentes as duas sessões de gravação ainda vivas (até 2000): O baterista Jimmy Cobb, um engenheiro de som e um fotógrafo do departamento publicitário da Columbia Records. Fundamental para entender a música moderna e seu efeito transformador/transtornador na sociedade da segunda metade do século XX.















quarta-feira, maio 23, 2007

Such A Classic Girl



Confesso que tinha preparado um texto sobre Erick Avery, primeiro baixista do Jane's Addiction, mas enquanto procurava clipes pra ilustrar o post me deparei com essa pérola. Vale por três mil posts sobre o JA. Última faixa do segundo CD dos caras, "Ritual De Lo Habitual", uma trip eletro-acústica tão louca quanto esse clip.





terça-feira, maio 22, 2007

Existencialismo Nerd




Até que ponto esse senhor pode ser culpado por seus desvios de personalidade ao partir para a busca de poder no Lado Negro da Força? A vida imita a arte?

domingo, maio 13, 2007

Les Don't Suck




A aproximação, para desespero de alguns, do funk com o rock (e principalmente com suas vertentes mais pesadas) começou a se acentuar no comecinho dos anos 80 com bandas como Gang Of Four, P.I.L e The Pop Group. Não que Miles Davies, uma década antes, não tenha trilhado os caminhos fusion da mistura, mas os adolescentes californianos enxergaram , ou ouviram, na junção do groove com o peso um aditivo pra prolongar suas noites de festa, muito provavelmente. Daí foi questão de tempo pra pipocarem nomes dos mais variados como Flea (Red Hot Chili Peppers), Norwood Fisher (Fishbone) e Doug Wimbish (Living Color), todos eles mandando slaps na velocidade da luz, fazendo cama pra riffs não menos pesados. Mas o ponto de ebulição, ou o epicentro, já que estamos geograficamente no berço dos terremotos, se encontrava mais ao norte, em São Francisco, ali do outro lado da ponte Golden Gate, na chamada bay area (algo assim como Rio e Niterói), e atendia pelo nome de Les Claypool. Nascido no subúrbio de Richmond, Les tangenciou o sucesso ainda nos anos 80, quando era amigo em comum entre músicos locais como Cliff Burton e Kirk Hammet (Metallica) e o futuro-ex-Faith No More Jim Martin. Enquanto seus amigos praticavam suas revoluções musicais mundo afora, Les vagava de banda em banda, desenvolvendo um estilo que amarrava no mesmo balaio o King Crimson da fase "Discipline", as letras com cara de estórinha infantil de Peter Gabriel no Genesis, Frank Zappa, sem perder o fio da economia com The Police e toneladas de grooves de Stanley Clarke e The Meters. Essa mistura bombástica se materializou no começo dos anos 90 sob a alcunha de Primus, um trio que contava ainda com o guitarrista Larry "Ler" Lalonde (ex-Possessed, banda decana do Thrash Metal da bay area). Durante cinco discos Les Claypool martelou o juízo dos ouvintes com uma facilidade animalesca de alternar técnicas e estilos, variando de slaps a acordes, de baixos elétricos de 4,5, e 6 cordas a banjos e rabecões (com ou sem arco). Com uma parada técnica do Primus em 2000, LC passou a tocar com a The Fearless Flying Frog Brigade, onde executava velhos favoritos seus na integra ao vivo e os transformava em disco (caso de "Animals", do Pink Floyd), uma maneira rápida e barata de gravar. Isso não o impediu de gravar um disco-solo, "The Purple Onion", em 2002, e manter o Oysterhead, um projeto com Stewart Copeland (bateria, The Police) e o guitarrista Trey Anastasio, especialista em tirar sons bizarros de um chifre de alce amplificado e cheio de pedais de efeito. Abaixo três exemplos das astúcias desse monstro dos graves, que também é responsável pelo tema de abertura do desenho animado politicamente incorreto "South Park" e pela vinheta sonora do seriado "Sienfield":

* "Tommy The Cat" - Talvez a música que mais sintetize a colcha de retalhos que são as influências de Les. Lá pelo meio do clipe ele dá uma palhinha dos pequenos absurdos dos quais é capaz. Cuidado pra não embaralhar muito a vista...



* "To Defy The Laws Of Tradition" - Gravada numa sessão de rádio. Mostra de maneira mais "calma" como LC passeia com desenvoltura - até demais, por várias técnicas diferentes.



* "Master Of Puppets"/Woodstock 1994 - Durante seu show no revival do famoso festival, entre uma música e outra, o Primus faz uma reverência ao finado Cliff Burton. O Metallica estava no backstage pra tocar no mesmo dia e deve ter rido à beça.


sábado, maio 12, 2007

Disneylândia



Blogueiro indie, ex-fã de Korn e Slipknot, cria post reclamando que criticaram seu espaço alternativo favorito com nome de budega por ser pequeno e manda todos os playboys irem praquele outro espaço, que deveria vender caranguejo mas na verdade se gaba de ser o ninho (de cobras) da verdadeira música piauiense, ao contrário de lugares com nomes radículares que enchem o bolso de dinheiro com bandas cover.
(E eu? Em casa, à espera de alguém que conserte a TV a cabo, sem sinal há quase uma semana...Alguém quer me trazer uma pizza? Meu sábado à noite vai ser mais longo que de costume.)

sexta-feira, maio 11, 2007

Gota D'água




Já lhe dei meu corpo
Minha alegria
Já estanquei meu sangue
Quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a vêia que salta
Olha a gota que falta
pro desfecho da festa

Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção
Faça não
Pode ser a gota d'água




quinta-feira, maio 10, 2007

Considerações Sobre Ter




Ter, não é possuir, muito menos usufruir na hora que se quer ou bem entende. Ter não pressupõe que a parte possuída esteja de acordo com a sua possessão e por conseguinte feliz com isso. A pior parte do Ter é o "guardar", o tomar de conta, tanto para o seu usufruto quanto da vista do alheio, e mais ainda da mesquinharia dos que se sentem felizes não por não terem o que desejam, mas por verem o que os outros tem se perder. Ter, chamar de seu, muitas vezes tem valor de praga, pois você pode ter um belo pássaro canoro numa resplandecente gaiola de ouro, mas não pode obriga-lo a cantar.

Por essas e outras, eu não sou de ninguém, só da mamãe.


domingo, maio 06, 2007

Vira Também, Teresina



A cidade de São Paulo viveu nesse final de semana 24 horas de cultura de graça sem parar. Iniciando as festividades do aniversário da cidade, prefeitura e governo estadual isolaram áreas do centro e mantiveram o metrô funcionando a noite toda para que as pessoas pudessem ver atrações das mais variadas entre 6 da tarde de sábado e 6 da tarde de domingo. Alguns artistas escolheram um álbum de sua discografia pra passar em revista, caso de Alceu Valença com "Espelho Cristalino" (espero que isso vire CD ao vivo, DVD com making off, camiseta, bonequinho e etc e tal), Nação Zumbi com "Da Lama Ao Caos", João Donato (no Teatro Municipal) com "A Bad Donato" e Cólera com "Pela Paz Em Todo Mundo". Enfim, cultura pro povão. Se é de dar circo pras massas, que dê logo o de Soleil.

Que tal uma virada dessas por aqui, prof. Zé Reis?

sexta-feira, maio 04, 2007

Fortune Cookie Big Hits Vol.20

"Só sei que nada sei, e quando souber vou negar até a morte"


quinta-feira, maio 03, 2007

Longo e Tenebroso Inverno

Estamos voltando...Enquanto isso:
http://www.myspace.com/noova
http://www.fotolog.net/noova