Terehell

terça-feira, janeiro 30, 2007

Atemporal

E imbatíveis até hoje. Reza a lenda que voltam a tocar juntos esse ano...

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Mal Súbito

O banheiro ficava no final do corredor. Em meio ao desespero de vomitar no meio da madrugada, aquela porta já bem gasta parecia estar a quilometros de distãncia; num outro prédio, em outra rua, outra cidade, outro país, do outro lado universo. A ânsia vinha em contrações cada vez mais fortes, a vista escurecia, a respiração faltava. O nariz obstruído obrigava-o a respirar pela boca, fazendo o ar encher o estômago, e assim a próxima vinha sempre pior. Uma dor de cabeça sobre os olhos, como se duas bolas de bilhar dançassem pra lá e pra cá em sua testa. Suor, frio e uma vertigem. Alcançou a maçaneta. Apesar de servir aos moradores do andar, o banheiro era impecavelmente limpo. Velhos ladrilhos em forma de colméia e uma banheira cujos pés imitavam patas de dragão. Nem quis ver o que havia lhe feito passar mal ás três da manhã. Nem receiou pelas sequelas. Sabia que botando pra fora, estaria tudo ok. Desceu com violência a tampa do vaso, e com a outra mão apertou a descarga. Olhou pela ventilação do pequeno cômodo e enxergou o tempo mudando lá fora. Nuvens que desciam baixas sobre o morro do bairro vizinho, estranhamente iluminadas pela avenida que serpenteava logo abaixo. Lavou o rosto, jogando água também na nuca. Daqui a pouco pegava no sono de novo. Quando acordasse, o mundo lá fora continuaria a querer sumir com ele, puxando a corda da descarga.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Além do Céu e do Inferno

Rodado em 1963, "Céu & Inferno", do diretor japonês Akira Kurosawa já seria um belo policial noir com direito a todos os ingredientes do gênero; sequestro, chantagem, investigações pelo submundo, tráfico de drogas; não fosse a mão do diretor, bastante inspirado nos cineastas europeus. Daí saiu um pouco mais que isso.

Tudo em "Céu & Inferno" funciona por metáforas sociais. Na tentativa de sequestrar o filho de um grande industrial,que mora numa mansão na parte mais alta da cidade, cercado de vidraças e no ar refrigerado, um viciado em heróina leva por engano o filho do motorista, que se humilha diante do patrão para que este salve a vida do menino. Ajudado pela polícia, o industrial paga o resgate, mas a caçada ao raptor segue-se. Começa aí a descida ao inferno do calor, da pobreza, do vício e do crime. Kurosawa abusa aí de truques de fotografia (branco para as cenas passadas entre os ricos, policiais vestidos em cores claras, tons escuros nos ambientes frequentados pelo bandido, inserção de cores num filme P&B) e cenário (abuso de enquadramentos usando janelas, largas para os ricos, pequenas e estreitas para o submundo, ambientes pequenos e abafados que valorizam o "calor" que os personagens sentem) tanto para segurar a tensão da estória quanto para levar o espectador a descer às profundezas consigo.

Lançado por aqui num dos boxes contendo três filmes do diretor cada, "Céu & Inferno" se mostra um contra-senso tanto dentro da obra do diretor (preso até então a filmes que reportavam ao Japão interiorano e medieval dos samurais) quanto as produções nipônicas da época, quando parte para abraçar o mesmo "cinema de autor" dos italianos do Neo-Realismo e os franceses da Nouvelle Vougue. Um tesouro perdido (e meio difícil de encontrar) nas locadoras.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Só Pra Constar...

Deveria estar chovendo copiosamente nessa terra há mais de trinta dias. No entanto não cai uma gota d'água e está um calor senegalês.

Ninguém me chame pra fazer absolutamente nada na parte da tarde

A não ser que tenha uma piscina pelo meio...

terça-feira, janeiro 23, 2007

E o Mundo Não Acabou...


Final de semana com surpresas boas.

Esse blog de m%$&# saiu sábado num jornal local. Grato pela lembrança. Só fiquei meio assim porque umas duas ou três pessoas vieram me dizer que viram que saiu na coluna de um "fulano" acolá. Gente, esse cabra vende é carro no grito, a coluna lá é feita por duas pessoas que dão banho de competência nele...

Domingo foi um dia divertido. Ou uma parte dele ao menos. As pessoas ainda conseguem me surpreender, também, com coisas boas e simples. Valeu, Christy.

Um ano atrás, a essa mesma hora, eu não pensaria que coisas assim ainda pudessem acontecer.

domingo, janeiro 21, 2007

Como Era Gostoso Nosso Cinema

Lá pelo meio dos anos 70, o ator, diretor, produtor, aviador e don juan mato-grossense Davi Cardoso (Darcy, na certidão de nascimento, homenagem do pai, getulista,) remava e lucrava contra a maré do cinema nacional. Enquanto as pessoas egressas do Cinema Novo, o neo-realismo europeu à brasileira, mamavam nas tetas estatais da Embrafilme, produzindo filmes “sérios” e de pouco retorno, mas altamente bajulados pela crítica, Davi rodava fitas de “gosto duvidoso” na Rua do Triunfo, a conhecida “Boca do Lixo”, na região central de São Paulo (hoje conhecida como “Crackolândia”), em meio a prostitutas, travestis, punguistas, aspirantes a modelo e outros cineastas independentes. O cinema desse Alain Delon pantaneiro ficou conhecido como “pornochanchada”, uma mistura do pornô americano com a comédia de apelo popular nacional dos anos 50 e 60, também jocosamente conhecida por “Chanchada”. Deitando e rolando com lindas atrizes e filmes de apelo popular, Davi fez fama e dinheiro nos anos 70, chegando a rodar três filmes por ano, com recursos vindos de iniciativa privada, ou mesmo de governos estaduais, arrumando um gancho no roteiro. O status de galã de cinema acabou rendendo um convite pra novela global (“O Homem Proibido”, de 1982, na faixa das 18hs) e sem perceber nosso herói começou uma derrocada nas telonas, que culminaria no tenebroso Plano Collor, derrubando ao mesmo tempo Davi (com o confisco das poupanças) e seus rivais (com a extinção da Embrafilme). Desde então recluso no Pantanal ou fazendo pontas em novelas, Cardoso aproveita a chegada dos sessenta anos pra fazer um apanhado de sua vida nessa autobiografia. Do menino pobre de interior apaixonado por cinema, halterofilismo e mulheres ao começo ao lado de Mazzaropi; as aventuras de fazer cinema num país de terceiro mundo (mesmo com a bilheteria de seus filmes batendo gigantes como “O Poderoso Chefão”); enroladas com a crítica e a censura; mulheres, amigos, namoradas, família, casos e “causos” e a nem tão doce vida na semi-aposentadoria: tudo é desenrolado com algumas tantas mágoas e nenhum arrependimento. Pra sorte de Davi, muitos de seus filmes tem passado no Canal Brasil, ironicamente fundado por gente que foi opositora ferrenha de seus filmes “sem conteúdo”, e ele pode se sentir homenageado ainda em vida.

sábado, janeiro 20, 2007

Danados Pra Catende

Sem saco pra escrever nada...
Mas o youtube me salva, sempre

Zé Ramalho, Alceu Valença e Lula Cortes na comissão de frente; lá atrás estão os fiéis escudeiros Paulo Raphael e Zé da Flauta, mais uma penca de malucos de Olinda. Todos danadinhos pra Catende.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Nuggets

O Jansen cansou de protelar, gastar sola de All Star, criar calo no nó dos dedos de tanto bater nas portas e resolveu botar o livro dele pra baixar na net. Do It Yourself é isso aí. Só ir lá no blog do futuro paulistano, escolher um dos quatro links, baixar o livro (Tenho de baixar de novo, o meu ficou no HD que queimou) e se deliciar com a história (pré-História?) do Rock piauiense.

E atenção: Vem mais trabalhos nessa linha por aí! Calma, não é meu...Nem advogado constituído eu tenho, imagina. Já dei meu humilde depoimento pro próximo, e já tem gente perdendo o sono...




P.S: Jansen, cuidado com os buracos em SP.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Fortune Cookie Big Hits Vol.17

"A Esperança é a única que morre"

quinta-feira, janeiro 11, 2007

De Pai Pra Filho


"Pegou alguma coisa aí, pai?"
"Hoje tá ruim, Jr...A temperatura da água não deve estar boa."
"Pai, esses países da América Latina estão kicking me in the balls. Não sei o que fazer com esse Moralez, muito menos com o Chavez. Pode imaginar um homem daqueles, que quer ser o novo Fidel , em cima de todo aquele petróleo?"
"Jr, gimme a break, você se enrola por besteira. Manda matar e pronto. Você é o presidente dos Estados Unidos da América, filho!"
"Matar, pai?!"
"Ora, Jr...Por quê esse espanto? Eu quando fui chefe da CIA cooptei os militares da Bolívia pra matar aquele rato do Guevara. Depois ofereci apoio pra derrubar esses cummies todos, começando pelo Allende, em 73. Usando da mesma prática nós fizemos mais três governos militares fortes: Brasil, Argentina e Paraguai. Você está ruim da memória, Jr..."
"Ah, pai...Isso faz tempo. Foram naqueles anos que eu tava na faculdade, o senhor lembra. Muita farra, muita bebida, muito pó, ya know. Daí eu fiquei assim devagar como uma lêndia."
"É lesma, Jr! Lesma!
"Ahn? Sim, sim...Tem razão. Bom, eu estou querendo tirar os rapazes do Iraque. Já matamos o Saddam, ele vai servir de exemplo pras nações do Oriente Médio, terminei ao menos aquela intervenção que o senhor começou em 91."
"Muito bom, Jr! Nisso você saiu à mim!"
"Eu poderia levar os rapazes para a Venezuela, poderiamos usar o Brasil como base, a Amazônia é ali pertinho, temos interesses lá também, e esse presidente deles..."
"O Loo-La?!"
"É, o Loo-La. Ele nos daria apoio, o Chavez tomou uma base petrolífera deles."
"Jr, você está começando a pensar grande, meu filho...Como todo bom texano, by the way"
"Acho que vou conseguir sair dessa e ainda arrancar mais uma graninha do congresso"
"Look out, Jr! Você fisgou algo!"
"Oh, shiiit...É só uma bota velha..."

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Tsc Tsc Tsc...


De novo, comigo, everybody: 1,2,3...:

Tsc Tsc Tsc...

terça-feira, janeiro 09, 2007

Quando O Papel Do Livro Pega Fogo

Num futuro apocalíptico e totalitarista, a leitura e os livros serão proibidos. Os bombeiros, ao invés de usar água para apagar incêndios, invadem casas à procura de livros escondidos e usam lança-chamas para queima-los em praça pública, garantindo assim que algumas pessoas não fiquem mais inteligentes que as outras e a paz e a ordem social não sejam molestadas. Tudo o que as pessoas podem, e devem, saber é repassado pela TV, obviamente manipulada através de edições e trucagens. Um dos bombeiros se rebela, e após uma perseguição, transmitida pelo plantão jornalístico, com a morte de um sósia em seu lugar, junta-se a um acampamento de 'renegados', onde cada um assume o nome de uma obra e a decora, afim de que, mesmo que todos os livros cheguem a sumir, eles nunca desapareçam por completo.

Esse futuro aterrorizante foi imaginado pelo escritor Ray Bradbury e levado às telas pelo diretor francês François Truffaut em 1966 (dois anos mais tarde, no Brasil, a polícia poderia invadir qualquer lugar, sem ordem de busca e apreensão, confiscar e destruir livros que fossem considerados 'obras subversivas'). "Farenheit 451", infelizmente, vai ganhar versão roliudiana em 2007.

domingo, janeiro 07, 2007

Getting Drunk On The Beach Or Playing In A Band

Londres era mesmo um lugar divertido. Turnê de lançamento do "New Day Rising", só não é mais perfeito porque o Bob Mould está tocando com a guitarra reserva ao invés da clássica Flying V.

sábado, janeiro 06, 2007

Aloha, Wisconsin!

Londres, definitivamente, era um lugar bacana em 1984. Entendam a razão hoje e amanhã. Bom final de semana pra quem for de bom final de semana.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Rádio C.A.B.E.Ç.A

(Nada a ver com rádio do Cabeça, é só aquela música que vem no dial maluco da sua cachola assim que você abre os olhos de manhã ou qualquer hora do dia sem motivo algum)


"Amanhã não tem feira
(Ê José...)
Não tem mais construção
(Ê João...)
Não tem mais brincadeira
(Ê José...)
Não tem mais confusão
(Ê João...)"

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Caipirinha

Hoje eu ia postar uma coisa aqui que de tão azeda até eu travei os queixo...

Melhor deixar pra lá.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

O Ovo Da Serpente


O indivíduo viciado em poder, e com tendências totalitaristas, é facilmente reconhecível. A cartilha de como ascender ao poder não muda. Primeiro o sujeito consegue alguma mídia se aproveitando de algum cargo que esteja ocupando, fazendo glória de seus feitos, como se eles não fossem mera responsabilidade de sua pasta e ele não estivesse sendo pago pelo próprio povo pra servi-lo. Depois o aspirante, já popularizado, começa a defender a tríade “família, Deus e propriedade”, invocando os valores morais, os pais de família e alertando para a desestruturação dos lares e da sociedade. A divulgação dos seus “feitos” não pode parar nunca, a propaganda é arma importantíssima, afinal “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Convém também atacar o que se quer abater chamando de Elite. Por serem a elite econômica da Europa nos primeiros anos do século XX, os judeus quase foram exterminados daquele continente. Se, para atender seus anseios políticos e confundir a opinião dos que pouco entendem, o candidato se passar por liberal, ou mesmo socialista, melhor. A sigla patidária é mais um meio para alcançar um fim, um objetivo. Uma vez galgado o primeiro degrau, a propaganda se torna cada vez mais necessária, sempre apelando para o nome do povo, em quantidades homéricas da mais pura demagogia. Faminta de pão e inebriada pelo circo, a massa manobrada não enxerga a ascensão de mais um indivíduo que se esconde atrás de uma máscara de defensor ufanista, apenas pra perpetuar seu vício em poder público.